29.11.10

Gravura, Cordéis e Virtudes: uma mistura muito especial!







Depois criamos nossas primeiras matrizes.
Estudamos as virtudes e seus significados na nossa vida.
Assim o amor, a coragem, a amizade, a compaixão, a bondade, a verdade ou a justiça se transformaram em histórias contadas em Cordéis muito especiais.




A VERDADE, A MENTIRA, O FOGO E A ÁGUA

Lenda etíope


Mas a Mentira era gananciosa e arquitetou um plano para ficar com uma parte maior.
– Ouça o meu conselho – sussurrou ela, puxando a Água para um canto. – O Fogo esta planejando queimar toda a relva e as arvores das suas margens para conduzir seu gado pelas planícies e ficar com os animais para si. Se eu fosse você, acabaria com ele logo agora, e assim repartiríamos a parte dele entre nós.
A Água foi tola o suficiente para acatar o conselho da Mentira e lançou-se sobre o Fogo, apagando-o.
E a Mentira dirigiu-se em seguida para a Verdade, sussurrando-lhe:
– Veja só o que fez a Água! Acabou com o Fogo para ficar com o gado dele. Não deveríamos associar-nos a alguém assim. Deveríamos pegar todo o gado e partir para as montanhas.
A Verdade acreditou nas palavras da Mentira e concordou com seu plano. E, juntas, levaram o gado para as montanhas.
– Esperem por mim – disse a Água, correndo no seu encalço, mas é claro que não conseguiu correr morro acima. E foi deixada para trás, no vale.
Ao chegarem no topo da montanha mais alta, a Mentira virou-se para a Verdade e pôs-se a rir.
– Consegui enganá-la, sua idiota! – disse ela, soltando uma risada estridente – agora você vai me dar todo o gado e será minha escrava, ou eu a destruirei.
– Ora essa! Você me enganou – admitiu a Verdade. – Mas eu jamais serei sua escrava.
E as duas brigaram; e enquanto se batiam, os trovões ecoavam pelas montanhas. As duas se agrediram como o quê, mas nenhuma conseguiu destruir a outra.
Acabaram decidindo chamar o Vento para dizer quem seria a vencedora da disputa. E o Vento subiu a montanha a toda velocidade, e escutou o que ambas tinham a dizer. E por fim, falou:
– Não me cabe apontar a vencedora. A Verdade e a Mentira estão fadas à disputa. Às vezes, a Verdade ganhará; outras vezes a Mentira prevalecerá; neste caso, a Verdade deverá se erguer e tornar a lutar. Até o fim do mundo, a Verdade deverá combater a Mentira e jamais buscar o descanso ou baixar a guarda; caso contrário, será aniquilada para sempre.
Assim é que a Verdade e a Mentira continuam lutando até hoje.


Uma história sobre a Compaixão:



As Fadas
Charles Perrault

Era uma vez uma viúva que tinha duas filhas: a mais velha era tão parecida com ela que quem via a filha, via a mãe.
Todas as duas eram tão desagradáveis e orgulhosas, que não era possível viver com elas.
A filha caçula, que era o retrato do pai e por isso, a doçura e a honestidade em pessoa, era também uma das meninas mais bonitas que se tinha visto.
Como é mais fácil para todo mundo gostar de quem nos é semelhante, naturalmente esta mãe adorava sua filha mais velha e, como era de se esperar, tinha verdadeira aversão pela mais moça.
Obrigava a caçula a comer na cozinha e a trabalhar sem descanso. Entre outras coisas, ela tinha que ir duas vezes por dia buscar água em uma fonte que ficava a mais de meia légua de sua cabana, e ainda, na volta, carregar a grande jarra cheia.
Um dia em que estava na fonte, chegou perto dela uma pobre mulher que lhe implorou um pouco de água para beber.
--- Mas é claro, minha boa senhora! --- diz a linda menina,e,depois de lavar a jarra, mergulhou-a no lugar onde a água era mais cristalina, voltando em seguida para perto da pobre mulher, tendo o cuidado de segura a jarra para que ela bebesse.
A boa mulher, depois de matar a sede, lhe disse:
--- Você é tão linda, tão boa e tão honesta que eu vou lhe conceder um dom --- pois se tratava de uma fada que tinha se transformando em uma velha camponesa, para testar até onde ia à bondade e a honestidade daquela menina --- “Eu lhe concedo o dom de, a cada palavra que você disser, sai de sua boca uma flor ou uma pedra preciosa.
Logo que chegou em casa, a menina foi logo sendo chamada a atenção pela mãe, que brigou com ela por ter chegado tarde.
--- Eu lhe peço perdão, minha mãe---, disse a pobrezinha, explicando porque tinha chegado mais tarde> Enquanto falava, saíram de sua boca, duas rosas, duas pérolas e dois grandes diamantes.
--- O que estou vendo! ---assustou-se a mãe. ---parece que estão sainda da sua boca perolas e diamantes! De onde vem isto, minha filha? (Era a primeira vez que a chamava de filha.)
A filha então contou inocentemente tudo o que tinha acontecido, enquanto continuava a sair de sua boca, enquanto falava uma infinidade de diamantes.
--- Na verdade --- disse a mãe ---, é preciso mandar minha filha lá. --- Franchon venha cá! Venha ver o que sai da boca de sua Irma quando ela fala! Quem sabe você também não pode ter o mesmo dom? Basta que você vá até a fonte buscar água e, quando chegar a pobre mulher, dar-lhe de beber bem gentilmente.
--- Só me faltava esta! --- respondeu à malcriada --- ir à fonte!
--- Eu quero que você vá, e bem depressa! --- disse a mãe.
E lá foi ela, e sempre reclamando, pegou a mais linda jarra de prata que havia na casa.
Mal ela chegou à fonte, viu sair do bosque uma dama magnificamente vestida que lhe pediu um pouco d’ água. Era a mesma fada que tinha aparecido para sua irmã, mas que, disfarçada de princesa, queria provar a desonestidade da moça.
--- Pensa que eu vim até aqui --- disse a grosseira orgulhosa --- para lhe dar de beber? Pensa que trouxe o jarro de prata especialmente para dar água para a Madame? Ora, beba por sua própria conta!
--- Você não é nem um pouco honesta --- disse a fada, sem rancor. --- Muito bem, como você é tão pouco prestativa, eu lhe concedo o dom de, a cada palavra que você disser sair da sua boca ou uma serpente ou um sapo.
Assim que sua mãe a viu chegar, foi logo perguntando:
--- Então, minha filha?
--- Então, minha mãe! --- foi respondendo a mal-educada, cuspindo cobras e sapos.
--- Oh! Céus! --- gritou a mãe --- O que estou vendo! A culpa é de sua irmã ela me paga!
E saiu atrás da outra para lhe dar uma surra. A pobre menina apavorada correu para a floresta para se esconder.
O filho do rei, que passava pela floresta vindo de uma caçada, encontrou a menina e achou-a muito linda. Perguntou o que ela estava fazendo sonha por ali e porque estava chorando.
--- Pobre de mim, senhor. Minha mãe me expulsou de casa!
O filho do rei, vendo sair de sua boca cinco ou seis perolas e o mesmo tanto de diamantes, pede para ela explicar como aquilo podia acontecer. Mais uma vez ela conta toda a sua aventura.
O filho do rei logo se apaixonou por ela e , considerando que um tal dom valia mais do que qualquer dote,levou-a para o palácio do rei, seu pai, onde se casaram.
Quanto à irmã, esta se tornou tão detestável que nem mesmo sua mãe agüentou mais: tocou-a de casa e a infeliz, depois de procurar e não encontrar ninguém que a abrigasse, acabou morrendo em um canto qualquer do bosque.









Nenhum comentário: